segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

"À Tout le Monde,

É quando está perto do Oscar é que sinto que a minha vida-social-cinematográfica deve começar. Depois de passar quase dois meses peregrinando de um filminho aqui e acolá, assisti um dia desses o premiadíssimo "Revolucionary Road". Mas bem, não é exatamente sobre o filme que eu quero falar, e sim sobre algumas idéias que brotaram na minha cabeça graças a ele.

Um casal suburbano nos anos 50, preso na rotina e todas as implicações da sociedade da época, o irrefutável "americam way of life" decide morar em Paris. Assim, sem mais nem menos. É imperceptível aos olhos dos vizinhos, que o marido trai a esposa no emprego medíocre que ele odeia, ou que a esposa teve todos os sonhos postos de lado em razão da maternidade, ou por simples covardia.

É nessas horas que vejo que as pessoas, no sentido de natureza humana, não mudam muito. Podia citar tantas histórias semelhantes a essa hoje um dia. O quão difícil é tomar uma decisão, mesmo que todas as fibras de seu corpo digam que ela é certa. Acho que independente de tempo, todo mundo tem sua Paris.

Quando eu era pequena, parecia que todas as minhas decisões eram realmente cruciais e efetivas, todas as suas resoluções iam se materializar naquele momento. O sabor do sorvete que eu queria se era melhor andar na roda-gigante antes da montanha russa. Já adulta, o processo se inverte totalmente, você tem todos esses possíveis futuros traçados, e tudo que tem a fazer é seguir os passos de A a B . É como se existisse um sabor de sorvete único, que você formulou na sua mente por um bom tempo sem saber, e ele estivesse derretendo a cada minuto.

Eu sempre fui muito decidida, no que concernem as minhas paixões, até por que paixão é o combustível certo de uma decisão. Como pessimista incurável, acabo acreditando que já como tudo vai dá em merda, para que pensar tanto?No entanto, minha esperança reside numa crença meio ingênua; trocar um emprego que te faz feliz, por um que dá mais dinheiro pode ser sensato, mas minha superstição diz o contrário. Karma é uma droga, e ele vai te perseguir, para sempre. Acho que não se pode ser leviano com qualquer tipo de fonte de felicidade, porra, uma risada sincera e aquela sensação de "eu não queria estar em nenhum outro lugar" é tão difícil e tem gente que desperdiça tão fácil. Show me the Money, but show me some truth, mesmo que isso pareça o mais hippie possível.

Pois é, decisões são coisas escrotas, e decisões de amor, bem, é melhor nem começar. Enquanto as torturas, entre decidir o que é certo ou errado, fritam nossa cabeça eternamente, por um dia que fosse, seria bom não usar preto por que é a decisão mais segura e dar uma voltinha em Paris, cheia de luzes que nunca cessam, esperando...










à tous mes amis, je vous aime, je dois partir"

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