All the nobody people.

Garotas não choram

Um dia desses, entre esses aperriados de trabalhos e junkie foods e confabulações sobre onde passar o fim de ano, eu escutei uma história que engatou naaquelas epifanias "Carrie Bradshaw sem sapatos e NERD". Uma conhecida minha (eu sei que esse adjetivo é o pior ever, mas fazer oque se ela é isso mesmo) me conta de suas aventuras sexuais no outro lado da força hétero. Beleza, ô novidade. Mas vou contextualiza-los na situação, a moça têm 17anos, super gatchénha descolada e digamos que já prontou muito nessa vida galere. Eu nem choquei com o fato estar em uma fase lesbian ( sim, por que DUVIDO que isso proceda, conheço a peça!) choquei mais pelo descaso da família. A mocinha em questão já teve vários relacionamentos ridículos com rapazes acéfalos, mas isso nunca foi empecilho para ela continuar suas peripécias. Até que um dia, ela conhece uma gata mais velha, mais legal, inteligente e que não estava sob efeito de nenhum entorpecente ou remédios contra espinhas. Ah meu amigo, e tome primeiro amor! Assumiu para família, entrou em comunidades de apóio GLBTTT, tudo era lindo, cult e intenso como em The L word.

Até que um dia, sua namorada disse o famigedado" I dont love you anymore, good-bye". Minha amigueenha não superou a moça de jeito nenhum, até tentou entender os rapazes de novo, mas afinal que os entende mesmo? Ficou um tempo de molho, encontrando refúgio nos estudos para o vestibular e escrevendo já sua biografia autorizada, por que não? Passado uma semana de pura reflexão , ela encontra o amor perdido nos braços de outra.

Pois é, dessa história, a única conclusão que eu cheguei foi: "É impressão minha ou sexualidade não é mais um tabu entre os adolescentes?". Putz, eu cresci em colégio de freira, a gente olhava as páginas dos livros de ciência sobre sexo e ficávamos vermelhos, imagine chegar um dia desses na escola com esse papo "E a suruba de ontem ein? Porra, nem consegui ir até o fim. Tem prova hoje?". Só sei que acho realmente digno a liberdade e conhecimento que essa geração possui sobre sexualidade. Certo, que com essa liberdade vem muita precocidade, putaria, mas hey, nada de preconceitos! Eles foram mais rápidos que muito movimento-político-libertário junto e sem ajuda de psicólogo ou teórico nenhum ó.

O que eu acho realmente legal nisso, é que simplesmente ser gay não é tabu para essa galere como era no meu tempo. Mesmo que a descoberta da indentidade sexual seja um coisa que muitos até hoje não assimilam direito, e que com 15 anos você mal sabe seu nome, acho que uma grande barreira foi quebrada. Para mim a bisexualidade é a evolução natural, e quando falo bisexualidade aposto que muitos de vocês não conseguem separar o termo de promiscuidade, meo pensa bem; se já é difícil encontrar alguém que preste de um lado, que mal tem dobrar suas chances? Ah, deixem de falsos moralismos e amargura nesses coraçõezinhos, all you need is love, ficadica. Mesmo que minha amiga tenha beijado a garota e gostado *faz mãozinha de trocadilho* não acredito que vá realmente ser lésbica ( aquela ali nasceu para homens safados, rum!) mas vai ser uma adulta bem menos problemática. Afinal, quanto mais cedo você experimentar as coisas que vão te deixar confuso pelo resto da vida, pela lógica, é o mais sensato.

Ah, se o garoto da minha sala que gostava de passar batom e usar o short de educação física das meninas, e a menina que gostava de usar roupas de homem e ser ótima nos esportes tivessem passado por essa fase, muitos traumas seriam poupados. Ele hoje em dia é umas das drags mais bonitas que eu vi, e ela continua do mesmo jeitinho. Sorte deles.

Nobody wants to be alone
Everybody wants to love someone
Out of the tree go pick a plum
Why can't we all just get along?