Diálogos macabéicos

Diálogos macabéicos


Primeira constatação nesse período em Recife. Eis que eu estava na livraria Cultura reclamando como sou pobre e querendo absorver todos aqueles livros por osmose, e sou abordada subtamente por um vendedor super fofo possível-homem-da-minha-vida( sim por que botei na cabeça que livrarias são pura azaração meoooo /eulocutordasessãodatarde):

-Oi...*ele em um sorrisinho meio torto, tímido mas extremamente receptivo*

Eu entrando em pânico, assanhada, cantando sozinha e com uma possível insolação faço um barulho grutal digno de mulher das cavernas, limpo a garganta que insistia em fechar, e solto isso:

-Err...tava olhando aqui* pego o primeiro livro da minha frente, do Jamie Oliver de culinária, que é lindo, cozinha bem e eu estava realmente com uma fome lazarenta* ah....tava procurando o...a *o chão começou a parecer lindo*...a sessão de cinema?

-É bem ali, têm livros muito bons para quem faz cinema amador. Eu também gosto dos que não são técnicos, mais cultura pop mesmo, chegaram uns bem legais são de pôsteres de filmes das décadas de 80, 90...

Um ser maligno que eu espero que morra sentindo muita dor resolve interromper aquele deus falar, e minha baba de cair, por que quer saber de umas malditas coletâneas de blues. Nunca as palavras "Você poderia me ajudar" atingiram uma entonação tão aguda e os blues me pareceram tão bobos e depressivos. Eu queria ouvir Beach boys e ver fogos de artifício. Oh man, The black will be white and the white will be black, but the blues are still blue ressonando eternamente para mim!

-Qualquer coisa eu tou ali viu *apontou coçando a cabeça que nem o Goku* Eu sou o Vicente.

-Eu sou a Luciana. *sou? sou? sou? Eu sou a pessoa mais monossilábica do mundo.Eu devia ganhar um premio, e no premio eu iria dizer apenas "obrigada"*


E o Vicente com seu sorriso de várias facetas, cabelo meio oleoso e boa educação se foram. E eu fui ao banco pensar em dinheiro, em trocar meu Schopenhauer por um de auto-ajuda, e ouvir Radiohead.