quinta-feira, 29 de maio de 2008

Peixe Pequeno


Há poucas quadras de casa têm essa loja de aquários que sempre me intrigou. A intriga é antiga, desde dos meus tempos de adolescente voltando do colégio no sol de meio dia, E hoje, lembrada no sol agradável de fins-de-tarde-pseudo-frios, voltando do trabalho.

A loja é toda azul, (por que criatividade em um ramo tão específico é bobagem não é mesmo minha gente?), mas a cor é desgastada pelo tempo e umidade, as paredes são cheias de objetos estranhos de pesca, quadros bregas de paisagens, e um enorme tapete persa no chão. Até pôster da Ariel rola por lá. Tudo, do mesmo jeitinho que era antes, a não ser pelo vendedor. Antes era um senhor gordo que só usava bermudas floridas por baixo da pança, e toda vez que o via, abria um sorriso e balançava a cabeça, pois ele parecia com o leão marinho que come as ostrinhas em Alice.

Agora têm um magrelo, daqueles que só possuem camisas iguais de várias cores diferentes e usam o mesmo sapato preto. Se não fosse a limitação do seu guarda-roupa e a falta de uns 10 quilos, era até bonito. Passei pela loja, e lá estava ele limpando os aquários, com um sorrisinho rosto. Aquele mesmo do Seu Leôncio. Tive o ímpeto de perguntar se a loja tinha fechado alguma vez nada vida, por que nunca vi clientes lá. Mas decidi que era melhor não. Acenei um "Bom dia" para o fish guy, e continuei meu caminho.

Acho que no fundo só queria um ponto salvo na memória, ou podia ser simplesmente minha curiosidade por coisas desinteressantes. Mas confeso, que é incrivelmente confortante saber que alguns lugares continuam do mesmo jeitinho, sabe? É quase impossível hoje dia não se reciclar, é notável sobreviver as demandas de coisas modernas, mares revoltos e peixes grandes.

Tomara que da próxima eu passe todos estejam lá, o cheiro de morfo, sal, o medonho tapete persa e o pôster da Ariel =D

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