Your ex-lover is Dead.
O ar de repente ficou rarefeito; a cena era de uma comédia romântica das mais bobas, mas dentro pôde sentir o oxigênio fugindo do sangue morbidamente e lhe causando uma leve queda de pressão. Sim, a estranheza era por que há muito tempo não sentia, mas reconheceu logo depois; borboletas no estômago. Pela náusea, tinha certeza que as borboletas voando serelepes entre suas entranhas, estavam mais para mariposas, camufladas por um bom tempo nas ávores, e virado mutantes voadoras, batendo freneticamente suas asas medonhas naquele momento. Pensou na Teoria do Caos. Era impressionante sua capacidade de pensar em coisas inúteis quando mais precisava parecer inteligente. O rosto sem sangue, insistia no sorriso frouxo e trêmulo, parecia engraçado. Nunca mais subestimaria a profundidade de comédias românticas. Concentrou-se um pouco em ficar, e menos em sair correndo, era apenas o segundo inicial; foi absorvendo a cena aos poucos: ele e ela. A escolhida que nunca devia aparecer. Ele continuava do mesmo jeito, "não", pensou outra vez. Era definitivamente diferente daquela noite chuvosa, que eles resolveram congelar o tempo. Não, estava diferente. Sentiu-se até mais confortável perto do estranho. Aquele rosto não era o mesmo que lembrava nas manhãs que acordava feliz de não estar sozinha, mesmo que ele ficasse no outro canto da cama. Detestava dormir abraçada; na lista de seus medos hipocondríacos e absurdos de como ia morrer, sufocação por excesso de carinho ficava em primeiro lugar. Mas ele estava lá, e a sufocação era real. Parecia até mais bonito. Mas jamais tão bonito quanto naquela noite de porre, risadas, confissões constrangedoras e pós-choradeiras. Foi naquela calçada-suja-de-bar-de-centro, o observando enquanto chamava um táxi e chutava algumas latinhas no chão que notou que o amava. A música... que música tocava agora?.Adorava o jeito que ele dançava. Sentiu mais falta de sua dança, de seus pés, do que de seus beijos. A escolhida era bonita. Podia até ser medonha, sempre acharia que era mais bonita. Ela era mais bonita, por que podia dançar com ele. Quando foi que ela descobriu que o amava? Certamente não estava bêbada. Mas sim, o amava. Os olhos dela; queria arrancá-los de maneira carinhosa, e fazer uma lembrança engraçadinha, no estilo do Tim Burton, transporta-los para o passado em uma bonita embalagem cheia de selos, onde tinha esse olhar também. Pensou nos livros, nas longas conversas, no entendimento das almas que acreditava tão piamente, e de maneira tão exotérica. Não podia acreditar que ela compreendia isso tudo. O mundo dele sempre foi o seu também e viviam como dois imperadores tiranos. Pensou que na guerra dos planetas ela acabou virando plutão, e ela, a lua. O silêncio de mais alguns segundos passados entrava na fase constrangedora, mas ele a conhecia bem; o silêncio nunca foi problema para os dois. Aliás, a segunda vez que notou que o amava foi quando ficava horas lendo quieta, enquanto ele assistia algum filme estrangeiro e complicado que só ele gostava. Quase fechou os olhos; a sensação dos cabelos dele nos seus dedos distraídos, o gosto dos biscoitos estragados e o cheiro de queimado, sua expressão séria, provavelmente travando uma intensa análise de discurso sobre as cenas. Foram as palavras que quebraram esse silêncio confortável. Desejou que ele não falasse nunca mais, e teve a engraçada visão do rapaz virando um daqueles palhaços franceses dentro de uma garrafa. O encarou mais uma vez, o sorriso ganhou firmeza e com ele veio a certeza. Não o amava mais. E não pareceu mentira pela primeira vez. Ainda queria fugir, "mas isso era uma covardia inerente a todos os serem humanos", justificou para si mesma. Não o amava. Queria ouvir algum álbum que a convencesse do contrário. Ouviria até a primeira pessoa que passasse e gritasse "Você ainda o ama!". Bastava um sinal. Nada aconteceu. "Basta" pensou em uma súbita energia, "I've had the blues, the reds and the pinks". Essa música certamente não era adequada para o momento, mas não pode segurar as mãos dele que iam em direção ao bolso e os ombros encolhendo, como ele fazia quando procurava algo para dizer. Antecipou o gesto, a temida palavra:
-Oi...
O ar de repente ficou rarefeito; a cena era de uma comédia romântica das mais bobas, mas dentro pôde sentir o oxigênio fugindo do sangue morbidamente e lhe causando uma leve queda de pressão. Sim, a estranheza era por que há muito tempo não sentia, mas reconheceu logo depois; borboletas no estômago. Pela náusea, tinha certeza que as borboletas voando serelepes entre suas entranhas, estavam mais para mariposas, camufladas por um bom tempo nas ávores, e virado mutantes voadoras, batendo freneticamente suas asas medonhas naquele momento. Pensou na Teoria do Caos. Era impressionante sua capacidade de pensar em coisas inúteis quando mais precisava parecer inteligente. O rosto sem sangue, insistia no sorriso frouxo e trêmulo, parecia engraçado. Nunca mais subestimaria a profundidade de comédias românticas. Concentrou-se um pouco em ficar, e menos em sair correndo, era apenas o segundo inicial; foi absorvendo a cena aos poucos: ele e ela. A escolhida que nunca devia aparecer. Ele continuava do mesmo jeito, "não", pensou outra vez. Era definitivamente diferente daquela noite chuvosa, que eles resolveram congelar o tempo. Não, estava diferente. Sentiu-se até mais confortável perto do estranho. Aquele rosto não era o mesmo que lembrava nas manhãs que acordava feliz de não estar sozinha, mesmo que ele ficasse no outro canto da cama. Detestava dormir abraçada; na lista de seus medos hipocondríacos e absurdos de como ia morrer, sufocação por excesso de carinho ficava em primeiro lugar. Mas ele estava lá, e a sufocação era real. Parecia até mais bonito. Mas jamais tão bonito quanto naquela noite de porre, risadas, confissões constrangedoras e pós-choradeiras. Foi naquela calçada-suja-de-bar-de-centro, o observando enquanto chamava um táxi e chutava algumas latinhas no chão que notou que o amava. A música... que música tocava agora?.Adorava o jeito que ele dançava. Sentiu mais falta de sua dança, de seus pés, do que de seus beijos. A escolhida era bonita. Podia até ser medonha, sempre acharia que era mais bonita. Ela era mais bonita, por que podia dançar com ele. Quando foi que ela descobriu que o amava? Certamente não estava bêbada. Mas sim, o amava. Os olhos dela; queria arrancá-los de maneira carinhosa, e fazer uma lembrança engraçadinha, no estilo do Tim Burton, transporta-los para o passado em uma bonita embalagem cheia de selos, onde tinha esse olhar também. Pensou nos livros, nas longas conversas, no entendimento das almas que acreditava tão piamente, e de maneira tão exotérica. Não podia acreditar que ela compreendia isso tudo. O mundo dele sempre foi o seu também e viviam como dois imperadores tiranos. Pensou que na guerra dos planetas ela acabou virando plutão, e ela, a lua. O silêncio de mais alguns segundos passados entrava na fase constrangedora, mas ele a conhecia bem; o silêncio nunca foi problema para os dois. Aliás, a segunda vez que notou que o amava foi quando ficava horas lendo quieta, enquanto ele assistia algum filme estrangeiro e complicado que só ele gostava. Quase fechou os olhos; a sensação dos cabelos dele nos seus dedos distraídos, o gosto dos biscoitos estragados e o cheiro de queimado, sua expressão séria, provavelmente travando uma intensa análise de discurso sobre as cenas. Foram as palavras que quebraram esse silêncio confortável. Desejou que ele não falasse nunca mais, e teve a engraçada visão do rapaz virando um daqueles palhaços franceses dentro de uma garrafa. O encarou mais uma vez, o sorriso ganhou firmeza e com ele veio a certeza. Não o amava mais. E não pareceu mentira pela primeira vez. Ainda queria fugir, "mas isso era uma covardia inerente a todos os serem humanos", justificou para si mesma. Não o amava. Queria ouvir algum álbum que a convencesse do contrário. Ouviria até a primeira pessoa que passasse e gritasse "Você ainda o ama!". Bastava um sinal. Nada aconteceu. "Basta" pensou em uma súbita energia, "I've had the blues, the reds and the pinks". Essa música certamente não era adequada para o momento, mas não pode segurar as mãos dele que iam em direção ao bolso e os ombros encolhendo, como ele fazia quando procurava algo para dizer. Antecipou o gesto, a temida palavra:
-Oi...
3 comentários:
"A Roda da Fortuna", aquela carta do tarô. Foi a imagem que me veio à cabeça quando terminei de ler o post...
duas letrinhas
doem mais que um milhão delas
=~~~~
lindo texto,amiga =]
isso tudo pra um ooi?
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