Carta para todos que se acharam nela, ou acabaram caindo no meio do caminho.
[Das que nunca foram mais longe do que a minha cabeça]
Sinto falta, e quando falo isso não digo saudades, que envolvem toda uma nostalgia literária do âmago de cada ser. Falo de sentir falta, de maneira crua e mais imediata. Falta de como minha vó me defendia quando a mãe queria me bater, de quando contava sobre sua juventude, coisa que até hoje ela faz, mas não com a mesma lucidez .Da casa como era, seus diferentes pisos para cara cômodo, deitar no chão e olhar o quintal pela janela. Do meu quarto cheio de bonecas do condomínio. De como meus amigos eram mais felizes, de brincar de bola na praça, da coceira da grama. Sinto falta da risada dela, e de como eu a arranco fácil. O cheiro forte de shampoo do cabelo dele, como seus olhos me procuravam quando sabia, que só eu realmente estava entendendo o que ele falava, da sua voz e leitura vagarosa. Das minhas orelhas suadas ao telefone, discutindo até alas horas da noite sobre seriados, meninos e metafísica com ela. Sinto falta dela sempre mesmo que ela me ache uma amiga desnaturada. Da briga de vozes empolgadas nos trailers da UFPI. Da nossa confusão perante o mundo adulto que nos rende tantas crises, e do modo como a gente se consola sem perceber. Sinto falta da nossa embriaguez, mesmo que essa seja semanal, e sinto falta até dos amigos que eu acabei de ver. Das brigas violentas com meu irmão, de um tempo que minha irmã era tímida e insegura.Sinto falta dos recados dele, como ele parece um personagem saído de alguma comédia romântica. Dos nossos vídeos dadaístas, de como éramos garotas realmente, espetaculares. De nossas experiências lascivas apressadas, algumas equivicodas, mas perfeitamente encaixáveis na condição de experiências. Da minha risada quando eu era criança, de ser a filha predileta do pai.De todas as viagens na praia, mesmo as xiliquentas. De pensar menos, e se importar mais, me sentir bem comigo mesma.De ouvir "It´s over now" no quintal dele. Das histórias de terror que ela contava para fazer a gente dormir, mas o efeito era contrário. De dançar lambada. De banhar na chuva e depois levar um bronca da minha mãe, no tempo que as broncas delas não me magoavam tanto. Dos meus vizinhos jogando video game no quarto do meu irmão, e da expressão de desdém que eles faziam quando eu ganhava. Das férias do colégio e como elas eram proveitosas, não terrivelmente tediosas como as de agora. Das madrugadas assistindo desenhos animados. Do meu primeiro cachorro e como ele tinha o olhar do gato de botas. De ler um livro muito bom com as pernas para cima.De comer banana amassada com leite de madrugada. Daquela noite gelada dentro do ônibus longe de casa, ouvindo "Maps".Falta até dessas palavras, que eu sei que um dia vão faltar.
7 comentários:
eu sinto falta do que eu achava que ia ser a minha vida...
quando olho agora todas as possibildiades que eu achei que teria e, principalmente, o quanto eu achava que elas abarcariam toda a sorte de pessoas que eu conheci, mesmo nunca querendo ter ninguem do meu lado, eu percebo que, realmente, eu não nasci para manter relações...
saudade é coisa que eu odeio
é amiga
tá sendo tão difícil aguentar toda essa carga nostalgica nos últimos tempos.
è por isso que os filmes fazem tanto sentido...realidade tá enchendo o saco =~~
own.
mas a gente vai se reunir pra ver espíritos, fingindo que ainda temos (no máximo) 14 anos e que é o exorcista.
e dessa vez a gente não vai se trancar no meu quarto com medo...
hehehehehehehe
saquei de tudo e todos que tu sente falta
e eu não to dentro, é claro, como pode sentir falta de alguém que ta presente o tempo todo e que nunca deixa os velhos hábitos ainda, inclusive o
- te pego ainda, gata ;D
;*
Saudade do pouco sentido que eu já cheguei a ver.
Lucidez não me abrace forte
bonito ver você falando.
n sei pq mas eu senti essa noite gelada no onibus escutando maps!
Postar um comentário