Um pouco de ternura.
O cigarro esquentava a ponta de seus dedos. Sempre gostou da sensação ou contemplação do fogo; era um impulso piromaníaco inocente que trazia da infância. Adorava passar a mão rapidamente em velas, e o cheiro de fogos de artifício. A noite estava fria, o barulho da festa que acontecia na casa zumbia nos seus ouvidos. O som podia ser um rock progressivo, mas naquele momento, tudo que ouvia era um funk antigo, "Otis Redding" , sugeriu a jukebox em sua mente. O álcool estava começando a evaporar, constatou por que podia ver perfeitamente a silhueta das pessoas indo embora, nem reparando na garota sentada torta no balanço. Estava descalça, era bom encravar os dedos na grama molhada. A rua estava quase deserta, e havia uma certa neblina carregada de um torpor que só ela conhecia. Jogou o cigarro no chão. Lembrou das conversas intermináveis, sobre relacionamentos desastrosos e perfeitos, sobre a nomeclatura idiota das coisas, sobre o peso de saber o que é amor, sobre o balanço que uma vez a levou para as nuvens quando era pequena e hoje não sai do lugar."Oh, look all the lonely people!". Será que um dia iam discutir sobre sua própria história? Enterrou mais ainda os pés na grama. Outra pergunta surgiu. Será que minha história vai ser boa? Talvez o álcool não tivesse evaporado por completo. Pensou que autobiografias são os piores livros. Mais uma pessoa deixava a festa. A madrugada tem uma cor, que só ela tem.
O cigarro esquentava a ponta de seus dedos. Sempre gostou da sensação ou contemplação do fogo; era um impulso piromaníaco inocente que trazia da infância. Adorava passar a mão rapidamente em velas, e o cheiro de fogos de artifício. A noite estava fria, o barulho da festa que acontecia na casa zumbia nos seus ouvidos. O som podia ser um rock progressivo, mas naquele momento, tudo que ouvia era um funk antigo, "Otis Redding" , sugeriu a jukebox em sua mente. O álcool estava começando a evaporar, constatou por que podia ver perfeitamente a silhueta das pessoas indo embora, nem reparando na garota sentada torta no balanço. Estava descalça, era bom encravar os dedos na grama molhada. A rua estava quase deserta, e havia uma certa neblina carregada de um torpor que só ela conhecia. Jogou o cigarro no chão. Lembrou das conversas intermináveis, sobre relacionamentos desastrosos e perfeitos, sobre a nomeclatura idiota das coisas, sobre o peso de saber o que é amor, sobre o balanço que uma vez a levou para as nuvens quando era pequena e hoje não sai do lugar."Oh, look all the lonely people!". Será que um dia iam discutir sobre sua própria história? Enterrou mais ainda os pés na grama. Outra pergunta surgiu. Será que minha história vai ser boa? Talvez o álcool não tivesse evaporado por completo. Pensou que autobiografias são os piores livros. Mais uma pessoa deixava a festa. A madrugada tem uma cor, que só ela tem.
Um comentário:
autobiografias são histórias rosas demais...
Postar um comentário